O que pode acontecer se o estrabismo não for tratado?

Estrabismo não tratado
Estrabismo não tratado- Imagem por Freepik

O estrabismo, conhecido popularmente como olhos vesgos ou vesguice, é uma condição considerada comum, com mais de 2 milhões de casos por ano no Brasil.

O estrabismo ocorre principalmente na infância e a falta de tratamento adequado antes dos 8 anos pode levar à perda permanente da visão de um olho.

Como ocorre o estrabismo?

Os movimentos dos olhos são controlados por seis músculos oculares em cada olho. Um músculo move o olho para a direita, outro move o olho para a esquerda e os outros quatro músculos são responsáveis pelos movimentos verticais, para cima e para baixo, e em ângulo (torção).

Na visão normal, ambos os olhos miram no mesmo ponto e o cérebro combina as duas imagens formadas pelos olhos em uma única imagem tridimensional (3D).

É isso que resulta na percepção de profundidade que permite saber o quão perto ou longe o objeto está.

Nos quadros de estrabismo um desses músculos apresenta alteração, deixando os olhos desalinhados e fazendo com que as imagens enviadas ao cérebro não formem uma única imagem nítida.

O estrabismo se manifesta de diferentes formas: horizontal no sentido do nariz (estrabismo convergente), horizontal no sentido da têmpora (estrabismo divergente) ou vertical para cima ou para baixo. Também pode haver a associação entre estrabismo horizontal e vertical.

O que pode acontecer se o estrabismo não for tratado já na infância?

O estrabismo na infância ocorre por fatores como o nascimento prematuro, distúrbios neurológicos e síndromes, como a síndrome de Down. Também pode ocorrer devido erros refrativos não tratados, como a hipermetropia, levando ao esforço para melhorar a visão, que resulta no desvio ocular.

A visão em profundidade depende de ambos os olhos terem o mesmo ponto de fixação para formação de uma única imagem no cérebro.

No caso das crianças com estrabismo, o olho estrábico não fixa no mesmo objeto que o olho não estrábico. Assim, o cérebro, que ainda está em desenvolvimento, começa a interpretar apenas a imagem do olho saudável e “ignora” a imagem recebida pelo olho com desvio.

Com o diagnóstico precoce do estrabismo na infância, um dos principais tratamentos é o uso de tampão no olho sem desvio para estímulo do olho estrábico.

Apesar dos bons resultados do tampão para desenvolvimento da visão, pode ser necessário futuramente recorrer à cirurgia, principalmente para correção de aspectos estéticos.

Com a falta de tratamento para o olho estrábico (“vesgo”) durante a infância, a criança pode desenvolver ambliopia, também chamada de olho preguiçoso.

O tratamento do estrabismo na infância é eficiente até uma certa idade, em geral dos primeiros meses de vida até os oito anos de idade.

Após essa idade, se o olho estrábico não tiver sido corretamente estimulado, há chances significativas de perda de visão em um dos olhos.

Estima-se que 50% das crianças com estrabismo apresentam algum déficit visual decorrente da ambliopia.

Por essa razão, o estrabismo em crianças deve ser avaliado o mais rápido possível e a criança deve ser submetida aos exames oftalmológicos regulares entre os 6 e 12 meses de vida e, posteriormente, entre os 3 e 5 anos.

Os exames oftalmológicos de rotina permitem identificar mesmo estrabismos de muito pequeno ângulo de desvio, que não são percebidos por pessoas não especializadas, mas que podem causar alterações na visão, como a ambliopia.

Os exames são importantes para diagnóstico e tratamento precoce de erros refrativos que também podem resultar no desvio dos olhos devido ao esforço recorrente para enxergar.

Mesmo que os exames apresentem resultados normais, alterações visíveis no olho ou problemas de desenvolvimento infantil justificam consultas adicionais com o oftalmologista durante a infância. 

Algumas crianças, em geral antes dos seis meses, podem apresentar pseudoestrabismo, que é quando os olhos parecem desalinhados, mas o exame realizado pelo especialista mostra que não há estrabismo. 

Nesses casos, é comum a reversão sem necessidade de intervenção médica.

O que acontece se o estrabismo não for tratado no adulto?

O desenvolvimento de estrabismo em adultos é mais incomum, mas pode ocorrer em associação com alguns quadros, como:

  • diabetes;
  • doença ocular da tireóide;
  • miastenia gravis;
  • tumores cerebrais;
  • acidente vascular cerebral (AVC);
  • acidentes ou ferimentos na cabeça;
  • danos nos músculos oculares devido ao procedimento cirúrgico ocular.

Nos adultos, como o cérebro já aprendeu a considerar a imagem dos dois olhos, o estrabismo (“vesguice”) pode causar visão dupla, o que pode comprometer a qualidade de vida do paciente, a autonomia e a capacidade de desempenhar diversas tarefas, como dirigir.

Além do desalinhamento dos olhos, os sintomas do estrabismo em adultos incluem fraqueza nos olhos, alterações na visão, incluindo visão turva, dificuldade para ler, redução da percepção de profundidade e precisar inclinar a cabeça para enxergar melhor.

Nos adultos, o tratamento para estrabismo é frequentemente cirúrgico, mas outras abordagens incluem exercícios para os músculos dos olhos e aplicação de toxina botulínica.

Quando o estrabismo é mais preocupante?

O estrabismo é mais preocupante na infância, pois está associado aos casos de ambliopia, podendo comprometer a visão do paciente permanentemente se não for tratado na idade adequada.

Quando o estrabismo pode ser considerado perigoso?

O estrabismo é mais perigoso quando tem início súbito em adultos, o que pode estar relacionado a quadros neurológicos graves, como tumores cerebrais, AVC, traumatismo craniano ou doenças degenerativas, como a esclerose múltipla.

Também é preocupante se o estrabismo de início súbito estiver associado a outros sintomas como dor ocular, diminuição rápida da visão, dor de cabeça ou alterações neurológicas, como perda de coordenação motora e fala prejudicada.

Veja também: Como saber se você está com algum problema na visão?

Referências:

  1. Dra. Vivian Onoda Tomikawa CRM/SP 104419
  2. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-oculares-nas-crian%C3%A7as/estrabismo
  3. https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/08/estrabismo-nao-tratado-pode-causar-perda-irreversivel-da-visao.html
  4. https://bvsms.saude.gov.br/estrabismo/
  5. https://www.aao.org/eye-health/diseases/strabismus-in-children
  6. https://www.aao.org/eye-health/diseases/what-is-strabismus
Picture of Dra. Vivian Onoda Tomikawa
Dra. Vivian Onoda Tomikawa

18 anos de experiência adquiridos em centros de excelência como Hospital das Clínicas, Hospital São Luiz e Maternidade Star – Rede D´Or.
Formada na Medicina da USP, com residência em oftalmologia pelo Hospital das Clínicas-USP.
Oftalmologista do Hospital das Clínicas-USP, Hospital São Luiz e Maternidade São Luiz-Star.
Palestrante no Congresso de Oftalmologia da USP (2018, 2019 e 2022), um dos mais renomados do país
Membro do Centro Brasileiro de Estrabismo

Conheça a Dra.

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