Teste do olhinho: para que serve, quando e como fazer?

Teste do olhinho - Reflexo vermelho
Teste do olhinho - Reflexo vermelho- Imagem por Freepik

O teste do olhinho é o primeiro exame oftalmológico da criança e deve ser feito ainda na maternidade, nas primeiras 72 horas de vida, como orienta a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP).

O teste é um importante aliado na identificação precoce de alterações visuais, o que possibilita tratamentos em tempo hábil para o pleno desenvolvimento infantil. 

Teste do Reflexo Vermelho: como funciona e quando fazer?

O teste do olhinho, ou Teste do Reflexo Vermelho (TRV), é um exame de triagem para identificar possíveis alterações visuais no bebê ainda nos primeiros dias de vida.

Idealmente, o teste deve compor o atendimento neonatal do bebê, sendo realizado antes da alta da maternidade. 

Caso não seja realizado nesse primeiro momento, a recomendação é que o teste seja feito na primeira consulta pediátrica da criança, antes dos 30 dias de vida.

O teste do olhinho não tem contraindicações e é recomendado para todos os bebês, mesmo aqueles com nascimento prematuro ou complicações de saúde.

O TRV é feito com o oftalmoscópio direto, utilizando uma lente com luz projetada, e visa identificar a percepção do reflexo vermelho no olho do recém-nascido.

Se o bebê apresentar visão saudável, o feixe de luz projetado passa livre pelos eixos visuais e mostra apenas o reflexo vermelho do fundo do olho. 

Isso indica que o eixo óptico está livre, ou seja, sem nenhuma obstrução ou obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila.

Quando o olho não apresenta nenhum reflexo ou apresenta reflexo de coloração amarela/branca ou brilhante, é indicativo de alteração.

Nesses casos, o bebê é encaminhado para realizar exames oftalmológicos mais completos, incluindo biomicroscopia, retinoscopia e mapeamento de retina.

O que o teste do olhinho detecta?

Mesmo sendo um exame rápido, simples e indolor, o teste do olhinho é capaz de identificar diferentes alterações visuais. Entre os problemas que podem ser detectados pelo teste do olhinho incluem-se: 

  • catarata congênita;
  • glaucoma congênito;
  • retinoblastoma;
  • leucoma;
  • inflamações intraoculares da retina e vítreo;
  • retinopatia da prematuridade;
  • descolamento de retina;
  • vascularização fetal persistente;
  • hemorragia vítrea.

Entre as principais causas de cegueira infantil no mundo está a catarata congênita, que pode ser identificada pelo teste do olhinho.

Na catarata congênita há uma má formação do cristalino (lente natural dos olhos) que impede a passagem da luz até a retina. 

Quando diagnosticada precocemente, a catarata congênita tem cura, entretanto, a cirurgia deve ser realizada até os primeiros três meses de vida. Após esse período, a cirurgia apresenta resultados menos satisfatórios. 

Dessa forma, o diagnóstico precoce da catarata congênita é indispensável para o tratamento em tempo hábil, garantindo a saúde visual e o pleno desenvolvimento infantil.

Outra condição verificada é se há reflexo vermelho duvidoso, como em caso de assimetria. Nesses casos, o bebê é encaminhado para realizar exames mais completos, pois trata-se de um indicativo para diferentes condições, incluindo:

  • estrabismo;
  • anisometropia;
  • altas ametropias,
  • luxações de cristalino;
  • malformações, como o coloboma de polo posterior;
  • cicatriz de retinocoroidite;
  • fibras de mielina;
  • doença de Coats.

No caso de estrabismo, por exemplo, o diagnóstico é mais confiável após os seis meses, pois bebês pequenos podem apresentar pseudoestrabismo. Entretanto, a investigação mais detalhada e acompanhamento oftalmológico continuam indispensáveis. 

Ao longo prazo, o estrabismo congênito está associado a ambliopia, ou olho preguiçoso, e há deficiência visual permanente se não for  corretamente tratado.

O diagnóstico precoce da maioria dessas doenças permite que o tratamento adequado seja iniciado em tempo hábil, evitando ou minimizando quadros de deficiência visual.

Leia mais sobre estrabismo em bebês aqui.

No caso do retinoblastoma, o diagnóstico precoce reduz os riscos à vida da criança.

Teste do olhinho e acompanhamento oftalmológico na infância

A realização do teste do olhinho nos primeiros dias de vida ou, no máximo, no primeiro mês de vida, é um importante aliado à saúde oftalmológica da criança.

Mesmo que o primeiro teste de olhinho apresente resultados normais, recomenda-se que o TRV seja repetido durante as consultas pediátricas regulares, principalmente durante o primeiro ano de vida.

Além disso, pais e responsáveis precisam ser informados e conscientizados que o TRV não substitui os exames oftalmológicos completos dos primeiros anos de vida da criança e que fazem parte do calendário de acompanhamento recomendado pela SBOP.

Após o teste do olhinho, mesmo se os resultados estiverem normais, a criança deve realizar um primeiro exame oftalmológico completo entre 6 e 12 meses de vida.

O segundo exame oftalmológico de rotina deve ser realizado entre 3 e 5 anos de idade, preferencialmente aos 3 anos.

Nessa idade são avaliados olhos e anexos, acuidade visual, motilidade e alinhamento ocular, refração cicloplegiada e fundo de olho dilatado.

Mesmo se os primeiros exames não apresentarem alterações, deve-se manter a rotina de consultas oftalmológicas, pois elas permitem o diagnóstico precoce de patologias oculares e início imediato do tratamento.

A consulta emergencial com o oftalmologista deve ser considerada se a criança apresentar comportamentos que indiquem alteração da capacidade visual, como:

  • tampar um olho para enxergar melhor;
  • curvar a cabeça para focar em um objeto;
  • apresentar problemas de aprendizado ou desenvolvimento;
  • ter dificuldade na percepção de profundidade;
  • forçar a visão para enxergar pessoas e objetos;
  • vermelhidão nos olhos;
  • olhos lacrimejantes;
  • coçar excessivamente os olhos.

O acompanhamento oftalmológico preventivo, como é o caso do teste do olhinho, é fundamental para garantir diagnósticos precoces de alterações visuais na primeira infância, o que contribui diretamente para melhor resposta ao tratamento, minimizando as chances de deficiências visuais no longo prazo.

Referências:

  1. Dra. Vivian Onoda Tomikawa CRM/SP 104419
  2. https://www.sbp.com.br/campanhas/campanha/cid/teste-do-olhinho/
  3. https://www.medicina.ufmg.br/observaped/teste-do-olhinho/
  4. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/__20958d-DC_No1_set_2018-_Teste_do_reflexo_vermelho.pdf
  5. https://aps-repo.bvs.br/aps/por-que-como-e-quando-devo-realizar-o-teste-do-olhinho/
  6. https://www.saude.ce.gov.br/2022/02/24/teste-do-olhinho-e-aliado-no-diagnostico-de-doencas-oftalmologicas/
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Dra. Vivian Onoda Tomikawa

18 anos de experiência adquiridos em centros de excelência como Hospital das Clínicas, Hospital São Luiz e Maternidade Star – Rede D´Or.
Formada na Medicina da USP, com residência em oftalmologia pelo Hospital das Clínicas-USP.
Oftalmologista do Hospital das Clínicas-USP, Hospital São Luiz e Maternidade São Luiz-Star.
Palestrante no Congresso de Oftalmologia da USP (2018, 2019 e 2022), um dos mais renomados do país
Membro do Centro Brasileiro de Estrabismo

Conheça a Dra.

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