Estrabismo tem cura?

Estrabismo tem cura?
Estrabismo tem cura?- Imagem por Freepik

Uma das principais questões que surgem na sequência do diagnóstico é se o estrabismo tem cura. Apesar de relevante, essa dúvida só pode ser esclarecida compreendendo melhor o contexto geral da condição.

A cura do estrabismo, assim como de qualquer outra condição oftalmológica e médica, depende de um conjunto de variáveis, como idade do paciente, tipo de estrabismo, gravidade do quadro e outras.

Estrabismo: o que é e quais são as causas?

O estrabismo é mais conhecido como olhos vesgos ou vesguice. Ele consiste no desvio ocular causando o desalinhamento entre os olhos.

O desvio estrábico pode ser de diferentes tipos, como convergente, quando é horizontal no sentido do nariz, divergente, quando é horizontal no sentido da têmpora, ou vertical para cima ou para baixo. Pode ocorrer ainda a associação do desvio horizontal e vertical.

O desalinhamento é causado por desequilíbrio em um ou mais dos seis músculos responsáveis pelo movimento ocular.

Geralmente, o estrabismo ocorre ainda na infância. Nesses casos, ele está associado majoritariamente com o nascimento prematuro, malformação dos nervos cranianos, síndromes genéticas e alterações visuais.

Na idade adulta o estrabismo é mais raro e pode ter relação com traumatismos, problemas vasculares como a trombose e acidente vascular cerebral, complicações do diabetes, alterações na tireoide e outros.

A questão se o estrabismo tem cura depende diretamente de quais são as causas associadas ao desenvolvimento do quadro e a idade do paciente.  

Quais são os tratamentos para estrabismo?

Existem diferentes opções de tratamentos para estrabismo. A orientação de qual a abordagem preferencial é realizada pelo oftalmologista a partir de exames oftalmológicos completos para identificar a gravidade, tipo e características do caso.

Tampão

O uso de tampão é um dos principais tratamentos para estrabismo diagnosticados na infância.

O estrabismo na infância apresenta riscos elevados, pois o desenvolvimento visual da criança ocorre até os 8 anos, em média.

Dessa forma, o estrabismo não tratado na infância apresenta riscos elevados de causar ambliopia, conhecido popularmente como olho preguiçoso.

Nesse caso, o cérebro recebe duas imagens e não consegue convertê-las em uma única imagem como ocorre na visão saudável, que gera uma imagem 3D com perspectiva de profundidade.

Assim, o cérebro passa a “ignorar” a imagem capturada pelo olho estrábico, de forma que a criança pode perder permanentemente a visão do olho desviado.

O tampão visa justamente estimular a visão do olho estrábico nos anos de desenvolvimento visual da criança. 

Isso mostra a relevância do diagnóstico precoce do estrabismo na infância e início imediato do tratamento para evitar alterações visuais permanentes ou até mesmo perda da visão de um dos olhos.

Ao estimular o olho desviado, o uso do tampão contribui diretamente no desenvolvimento da capacidade visual da criança. Entretanto, em alguns casos, pode ser necessária a cirurgia de estrabismo visando o alinhamento dos olhos, principalmente para atender demandas estéticas.

O tampão não é uma abordagem indicada no tratamento de estrabismo em adultos, pois o cérebro já aprendeu a considerar a imagem dos dois olhos, a não ser nos casos de estrabismo intermitente. 

Lentes corretivas

As lentes corretivas também compõem o leque de opções de tratamento do estrabismo.

Elas são indicadas principalmente quando os erros refrativos exigem esforço visual, o que pode resultar no desalinhamento ocular.

Ao corrigir os erros de refração e melhorar a capacidade visual, o esforço visual é reduzido e pode resultar na melhora do alinhamento dos olhos.

Entretanto, a abordagem apresenta limitações e, em geral, não consegue isoladamente corrigir totalmente ou curar o estrabismo, sendo comum a associação com outros tratamentos, principalmente a cirurgia.

Fisioterapia ocular

A fisioterapia ocular, também chamada de terapia visual ou ortóptica, é mais uma opção de tratamento para o estrabismo.

O objetivo da fisioterapia ocular é fortalecer e treinar os músculos oculares, melhorando a coordenação dos olhos e otimizando a fusão das imagens captadas por ambos os olhos. 

Com esse treino é possível ajudar o cérebro e os olhos a trabalharem mais harmoniosamente para melhorar o alinhamento ocular e a visão binocular. Entre os benefícios dessa terapia incluem-se:

  • fortalecimento dos músculos oculares;
  • melhora da coordenação entre os olhos;
  • estímulo à fusão das imagens e percepção de profundidade;
  • aprimoramento do foco.

Apesar dos resultados positivos, a fisioterapia ocular apresenta limitações que devem ser consideradas na prescrição do tratamento, como ser menos efetiva para casos mais graves de desvio.

Nesse sentido, é comum que a fisioterapia ocular seja considerada um tratamento complementar, como em caso de estrabismo intermitente ou acomodativo, para prevenção da ambliopia ou melhora dos resultados no pós-cirúrgico.

Cirurgia de estrabismo

A cirurgia de estrabismo é o tratamento preferencial para muitos casos de desvio dos olhos, podendo ser associada a outras abordagens, como uso de tampão, lentes corretivas e fisioterapia ocular.

Na cirurgia o foco é a correção do desequilíbrio muscular que causa o desalinhamento dos olhos. Nesses casos, o músculo afetado pode ser reposicionado, afrouxado ou reforçado para obter o efeito almejado.

Atualmente, a cirurgia de estrabismo pode ser realizada em qualquer idade, sendo indicada também para crianças com desalinhamento ocular.

Trata-se de uma abordagem já consolidada na oftalmologia, o que garante ser um procedimento seguro, eficaz e com riscos baixos.

Para melhores resultados é indispensável seguir corretamente as orientações pré e pós-operatórias da cirurgia de estrabismo.

O estrabismo pode ser curado?

Atualmente, existem diversos tratamentos seguros e consolidados para correção do desvio dos olhos, que pode ser total ou parcial.

A cirurgia, por exemplo, é um tratamento de excelência e apresenta bons resultados para a maior parte dos pacientes. Entretanto, há riscos de recidiva do estrabismo, exigindo novo procedimento cirúrgico.

Sem o tratamento adequado, principalmente na infância, o quadro de estrabismo pode ser agravado, resultando na ambliopia e perda da visão do olho desviado.

O tempo do tratamento do estrabismo varia imensamente em cada caso, podendo ser necessário acompanhamento oftalmológico durante toda a infância para resultados mais satisfatórios.

Assim, o estrabismo tem tratamento, mas a intervenção precoce é determinante para obter melhores resultados e impactos positivos na saúde visual e qualidade de vida do paciente, independentemente da idade.

Referências:

  1. Dra. Vivian Onoda Tomikawa CRM/SP 104419
  2. Saúde bem Estar
  3. Hospital Albert Einstein

Picture of Dra. Vivian Onoda Tomikawa
Dra. Vivian Onoda Tomikawa

18 anos de experiência adquiridos em centros de excelência como Hospital das Clínicas, Hospital São Luiz e Maternidade Star – Rede D´Or.
Formada na Medicina da USP, com residência em oftalmologia pelo Hospital das Clínicas-USP.
Oftalmologista do Hospital das Clínicas-USP, Hospital São Luiz e Maternidade São Luiz-Star.
Palestrante no Congresso de Oftalmologia da USP (2018, 2019 e 2022), um dos mais renomados do país
Membro do Centro Brasileiro de Estrabismo

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